Desaparecimento de homens que foram ao PR cobrar dívida: suspeitos do crime fugiram por medo, diz advogado

Renan Farah, que atua na defesa de Antonio Buscariollo e do filho dele, Paulo Ricardo Costa Buscariollo, disse que os dois receberam áudios com ameaças de morte. Eles estão foragidos há um mês. 

Por g1 PR 

Advogado dos suspeitos fala sobre investigação em Icaraíma 

O advogado Renan Farah, que atua na defesa de Antonio Buscariollo, de 66 anos, e o filho dele, Paulo Ricardo Costa Buscariollo, de 22, disse que os dois são inocentes e fugiram por medo, após receberem áudios com ameaças de morte. Pai e filho estão foragidos por serem suspeitos de envolvimento no desaparecimento de Robishley Hirnani de Oliveira, Rafael Juliano Marascalchi, Diego Henrique Afonso e Alencar Gonçalves de Souza em Icaraíma, no noroeste do Paraná. 

Os quatro homens sumiram há mais um mês, depois de irem à propriedade dos suspeitos para cobrar uma dívida

Apesar desta defesa, o crime de homicídio é atualmente a principal linha de investigação da Polícia Civil (PC-PR), que é mantida sob sigilo. O delegado Gabriel Menezes informou na quinta-feira (4) que “houve coleta de novos indícios” sobre o caso. Entretanto, os detalhes não são divulgados. 

Farah disse ao g1 nesta segunda-feira (8) que houve um desacordo comercial depois que a família Buscariollo vendeu uma propriedade rural para Alencar. Contudo, ele não conseguiu pagar o valor e, por isso, devolveu a propriedade à família. 

Segundo o advogado, Alencar alegou que tinha feito benfeitorias no imóvel – como o preparo do campo, pasto e cercas – e cobrou R$ 100 mil pelo trabalho. Porém, a família não aceitou a proposta e sugeriu pagar R$ 15 mil. 

Para este pagamento, conforme a defesa, seria necessário vender a propriedade. “Essa reunião que eles tiveram [no dia 4 de agosto] era a respeito disso e ficou nessa conversa”, disse. 

Para provar a versão, o advogado pediu uma análise de Estação Rádio Base (ERBs) – equipamento de torre de celular que faz a conexão entre o celular e a companhia telefônica. De acordo com Farah, isso poderá mostrar onde estavam Antonio e Paulo Ricardo no dia do desaparecimento. 

Ao ser questionado se os foragidos pretendem se entregar à polícia, o advogado respondeu que, antes, planeja derrubar as medidas judiciais que determinaram as prisões temporárias. “O plano é conseguir derrubar a medida protetiva, a prisão temporária que está decretada, e depois, sim, se apresentar novamente. Mas o motivo da fuga, o motivo de eles não terem se apresentado até agora, não é nem a questão do medo da polícia, do medo da investigação, mas sim o medo das ameaças de morte que eles sofreram”, afirmou. 

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Pai e filho são considerado foragidos pelo desaparecimento de quatro homens — Foto: PCPR 

Polícia não confirma versão do advogado

A versão apresentada por Farah não é confirmada pela Polícia Civil (PC-PR). 

    Até o momento, a investigação apurou que a propriedade foi vendida por Alencar à família Buscariollo, e ele dividiu o pagamento em dez notas promissórias de R$ 25 mil cada. Contudo, nenhuma parcela deste valor foi paga, e esta seria a cobrança que Robishley, Rafael e Diego foram contratados para fazer. 

    O delegado também disse que familiares dos desaparecidos informaram que os três homens trabalham com cobrança de dívidas há cerca de 13 anos

    Anteriormente, a esposa de uma das vítimas havia declarado no registro do boletim de ocorrência do desaparecimento que o valor da dívida seria de R$ 1 milhão. Outras pessoas ouvidas pelas autoridades disseram que o valor real seria de R$ 100 mil. Entretanto, somente o valor de R$ 255 mil foi confirmado durante a investigação. 

    O que diz a advogada que representa os desaparecidos

    A advogada Josiane Monteiro, que representa a família dos desaparecidos, defende que o caso seja tratado como um crime de homicídio, apesar de a família das vítimas aguardar atualizações positivas. 

    “Nós sabemos, de forma técnica e pela experiência na área, que as chances de encontrar essas pessoas com vida são muito pequenas. Mas, a família permanece com a esperança de que tenha uma resposta positiva e que eles possam ser encontrados com vida. Eles estão sofrendo demais”, contou a advogada. 

    Monteiro informou que os familiares procuraram a Polícia Civil do estado de São Paulo (PC-SP), bem como a Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP-SP) para pedir apoio. No momento, as corporações aguardam aprovação do requerimento com o pedido de colaboração para integrar a investigação sobre o caso. 

    Para ter alguma notícia, as famílias dos desaparecidos passaram a oferecer uma recompensa de R$ 50 mil para qualquer tipo de informação que leve não só ao paradeiro dos suspeitos, como também às vítimas desaparecidas.

    Por Votuporanga Fatos

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